Será o “fim” da atratividade da renda fixa no Brasil ? Ainda não.

Atraso em percepção de melhora referente à dados da economia norte-americana impacta em manutenção da taxa de juros do FED (Banco Central norte-americano) por parte de formuladores de política monetária e decisão repercute em economias emergentes.

1▪️A taxa de juros norte-americana representa o ativo livre de risco mundial e dita a capacidade/flexibilidade de mercados emergentes exercerem suas respectivas políticas monetárias. A taxa de juros de economias emergentes é elaborada com base no risco país e necessidade de contenção inflacionária (Sistema de metas de inflação no caso brasileiro).

2▪️ Um corte de juros de um mercado emergente como o Brasil impactaria duplamente na inflação tendo em vista uma não redução de juros por parte do FED: – Uma vez que para um crescente risco país, o prêmio de risco se tornaria menor, provocando saída de capitais financeiros do país, impactando no câmbio e consequentemente na inflação de produtos importados. – Incentivo ao consumo, agregado macroeconômico responsável por 60% do PIB no Brasil, aumentando a pressão inflacionária (Ainda que seja um fator positivo).

3▪️Agenda fiscal preocupante : Um outro fator responsável tanto pela pressão inflacionária quanto pelo aumento do risco país e consequente necessidade de maior spread de juros em relação aos Eua é o cumprimento de uma agenda fiscal responsável e condizente com a capacidade de cada país, proporcionando confiança ao mercado e aos investidores estrangeiros em se investir em uma economia emergente. Uma agenda fiscal não alinhada com o mercado e sem resultado positivo impactante na economia a médio prazo, reduz a confiança dos investidores e impede que se reduza a taxa de juros sem o escoamento de divisas do país. Portanto, a renda fixa no Brasil não está próximo de ficar desinteressante tanto para o investidor interno quanto externo. Juro de dois dígitos ainda serão realidade por um tempo e um juro real alto é proporcionado pela necessidade de manutenção de uma taxa de juros elevada devido aos fatores descritos acima ao passo que o IPCA e IGP-M seguem vivos, porém por ora, controlados.

Lucas Lôbo – Economista e Consultor CVM

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